sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Projeto mapeia língua falada no Maranhão

Anne Santos

Movidos pela necessidade de mapear a realidade linguístico-cultural do estado, um grupo de professores e alunos do Departamento de Letras da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), desenvolvem há oito anos o Projeto Atlas Lingüístico do Maranhão (ALIMA). Além de mapear a realidade linguístico-cultural do estado, o projeto tenta resgatar a origem de algumas formas lexicais da linguagem maranhense.

Segundo um dos coordenadores do projeto, o professor pesquisador José de Ribamar Mendes, a equipe de professores pesquisadores, auxiliares de pesquisa e colaboradores do ALIMA documentam a linguagem em diferentes níveis de observação: a pronúncia, a entoação, o vocabulário, os conteúdos semânticos e a organização da frase. “O trabalho avalia mais especificamente o campo da Geolingüística, o uso da língua distribuído no espaço geográfico”, diz.

Mendes explica, também, que essa documentação é feita por meio de gravações em 18 municípios maranhenses (São Luís, Alto Parnaíba, Araioses, Bacabal, Balsas, Barra do Corda, Brejo, Carolina, Carutapera, Caxias, Codó, Imperatriz, Maracaçumé, Pinheiro, Raposa, Santa Luzia, São João dos Patos e
Turiaçu) selecionados em razão de sua situação geográfica, sua história, tipo de povoamento, situação econômica (atual e passada) e demográfica.


“A partir do levantamento se tem a documentação real falada hoje no Maranhão e podemos fazer estudos ao longo de vários anos para inseri-la nas universidades e nas escolas públicas e privadas para que os alunos possam entender as variações existentes na língua e, principalmente, contribuir no entendimento maior do que é a língua portuguesa maranhense hoje”, conclui Mendes.

Publicações - As pesquisas do Projeto ALIMA já renderam as seguintes publicações: “o Português Falado no Maranhão: Estudos preliminares”, “A diversidade do Português Falado no Maranhão” e “Glossário de termos do universo do caranguejo”.

As publicações do ALIMA podem ser adquiridas na sala do Projeto ou nas livrarias Prazer de Ler (CCH/ Campus do Bacanga), Athenas (Rua do Sol e Shopping Monumental) e na Banca de Revistas Fênix (Rodoviária de São Luís, Posto Esso/Ponta D’Areia).

Mais informações sobre o projeto, acesse www.alima.ufma.br ou contate pelos telefones (98) 3301-8343/3301-8322.

 “Maranhês”
Conheça algumas das expressões populares
maranhenses estudadas pelo ALIMA:

Ariri de festa (antiga): arroz de festa, rato de
festa (atual);
Bater a cachimba (antiga): bater as botas (atual);
Cheio de nove horas (antiga): cheio de não me
toque (atual);
Do tempo do ronca (antiga): do arco da velha,
mil novecentos e carne de porco (atual);
Engolir em cheio (antiga): engolir sapo (atual);
Dar um tiro na macaca (antiga): ficou para titia
(atual);
Fala mais que a nega do leite (antiga): fala pelos
cotovelos (atual);
Festa de arromba (antiga): festa irada (atual);
Ficou com cara de Nhô Zé (antiga): ficou com
cara de tocha (atual).
Quando a galinha ciscar para frente (antiga):
nem que a vaca tussa, só no dia de São Nunca
(atual);
Sossegar o facho (antiga): deixar de acesume
(atual);
Só quer ser 31 de fevereiro (antiga): só quer
ser a bala que matou Kennedy (atual).

Nenhum comentário:

Postar um comentário