terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A Pedra da Memória e seu lamentável esquecimento

Fábio Henrique Farias Carvalho

Pedra da Memória: descaso com o patrimônio histórico da cidade

Inicialmente, a Pedra da Memória foi instalada em frente ao antigo Quartel do 5º Batalhão de Infantaria no Campo de Ourique em 1841, data essa em que se comemorava a Coroação de D. Pedro II, permanecendo lá até a demolição desse antigo quartel.

Jogada ao relento e ao descaso, a Pedra contou com substancial ajuda do escritor Joaquim Luz que se empenhou imensamente pela sua instalação no local onde até hoje permanece, porém, abandonada e tristemente esquecida.

Chega a ser irônico, mas a Pedra da Memória foi esquecida pelo Poder Público Municipal e Estadual, e para agravar a situação, retiraram os dois canhões que a ladeavam para a execução de uma reforma que nunca foi concluída.

E por falar nesse assunto, tal reforma revitalizaria toda a muralha do Palácio dos Leões bem como os Baluartes São Cosme e Damião e quando concluída teria-se o total de 16 baterias de canhões. Porém, no Maranhão, tudo é levado no deboche e na galhardia, nada podendo se esperar, quanto mais a conclusão de uma obra.

Os canhões, além de históricos, davam um toque de beleza e nos remetiam a um passado bucólico e romântico da São Luís dos anos 50. No Maranhão, é muito comum políticos e espertalhões de plantão apropriarem-se de algo que não é seu. Aqui tem de tudo: é ex-Presidente da República que usurpa o portão secular do cemitério de Alcântara e coloca em sua casa com o maior descaramento; é político que se acha dono de imagens de santos e obras, artes seculares guardadas nas Igrejas ou nos Museus, e as colocam na sala de sua casa; é político, que na maior cara de pau do mundo, retira Pedras de Cantaria do centro histórico de São Luís para decorar seu jardim particular; e por aí vai. Agora, são os nossos canhões que representam as batalhas e as glórias do Maranhão que estão sumidos.

Para onde foram?
Não quero crer que tenham parado na casa de algum Desembargador ou Deputado, mas deixo a dica no ar.
Voltando a Pedra da Memória, fico a pensar o quanto nossos administradores são incessíveis com os nossos Monumentos Históricos que nada mais são do que um pedaço da história do Brasil.

Quando observo a Pedra da Memória ser vítima de políticos cretinos que se aproveitam do silêncio da madrugada para nela poder colar materiais de campanha, sinto náuseas, sem contar que a agressão maior é a pichação, um abuso e verdadeiro absurdo, e mesmo assim, ninguém toma uma atitude.

Quando a Governadora Roseana Sarney acorda e abre a janela do seu quarto no Palácio dos Leões, ela se depara com as Pichações da Pedra da Memória. Quando o Prefeito João Castelo vai trabalhar na Prefeitura, ele passa pela Pedra da Memória. No entanto, parecem estar sofrendo de cegueira mórbida ou então perderam o poder da indignação em ver a sua cidade sendo consumida pelas ações de marginais.
Até quando a Pedra da Memória ficará do jeito que está? E os nossos Canhões vão aparecer ou não? Eis a questão.

O filósofo Plutarco cita que o “importante não é correr, é andar'', mas no Maranhão nem se corre nem se anda, na maioria das vezes se rasteja, sobretudo no descaminho da submissão e do silêncio indesejado que tanto mal faz a sociedade.

A Pedra da Memória ou é mais um lamentável esquecimento ou então é o retrato fiel dos políticos que nos representam.

Fonte: http://fabiohenriquefc.blogspot.com/

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